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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

JP na Olimpíada (parte 4): A imperdível chance de ver Ilhas Fiji

Texto e fotos: Fernando Martinez


Assim como aconteceu nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, acompanhei com bastante atenção os torneios pré-olímpicos continentais para saber quem viria ao país disputar o torneio de futebol do Rio-2016. No geral não tive muito sucesso e apenas seis das dezesseis seleções classificadas não estavam na minha Lista: quatro europeias, uma asiática e uma da Oceania. De todas elas, foi justamente essa última a que representou o sonho máximo para quem gosta de raridade.

A Nova Zelândia era favorita absoluta a conquistar a vaga destinada ao continente através dos Jogos do Pacífico de 2015, mas os All Whites atuaram a semi-final daquela competição com um atleta irregular, perdendo os pontos para Vanuatu, que consequentemente foi para a decisão. A grande final foi disputada contra a genial seleção de Ilhas Fiji. Nos pênaltis, os fijianos venceram e se tornaram a 85ª seleção a fazer parte da história olímpica e a 637ª a entrar na minha Lista.

A partir dessa classificação era óbvio que ia ver um jogo de Fiji. Fato. O problema foi que, diferente do que aconteceu no Mundial de 2014, não havia uma "tabela básica" definida com jogos e sedes. Fui obrigado então a me cercar e comprar ingressos para três rodadas em três estádios diferentes, apostando que a seleção do outro lado do mundo estivesse entre as doze que iria assistir.

Meu plano deu certo, e com 75% do certame "coberto" o sorteio colocou os oceânicos na rodada inicial do Grupo C na Arena Fonte Nova, atuando contra os medalhistas de bronze de Londres-12, a Coreia do Sul. Assim como você já viu no post de México x Alemanha, a preliminar do dia, não teve outra alternativa a não ser armar aquele bate-volta maroto até Salvador para ver de perto esse surreal confronto.


Seleções entrando em campo na Arena Fonte Nova


Bandeira de Ilhas Fiji. Provavelmente a primeira e única vez que a verei num evento esportivo

Qualquer um sabia que o onze asiático - que disputa sua oitava Olimpíada consecutiva, um recorde - era franco e total favorito na peleja. Na semana anterior os coreanos venceram bem a Suécia num amistoso realizado no Pacaembu e era questão apenas de saber o placar do massacre.

É, só que o primeiro tempo foi bastante abaixo do esperado, parte pela pouca inspiração do ataque coreano e parte pela grande atuação do goleiro fijiano Tamanisau. O arqueiro fez quatro milagres e impediu que o onze asiático abrisse boa margem no marcador já nos primeiros 45 minutos.

O primeiro gol saiu apenas aos 32 minutos com o camisa 10 Seunghyun Ryu. Após cruzamento pela direita, ele matou a bola de forma meio estranha e chutou de bico para inaugurar o placar. Aos 38, Changjin Moon teve a chance de fazer o segundo num pênalti, mas ele chutou na trave. Foi com a vantagem mínima para a Coreia que o tempo inicial terminou.


Zaga fijiana afastando o perigo de dentro da área


Sangmin Sim encarando a marcação de Setareki Hughes


Hughes agora atacando pela direita. De londe, o camisa 6 Hyunsoo Jang só observa


Outra investida sul-coreana no tempo inicial

Boa parte dos torcedores que tinham permanecido na Arena Fonte Nova se mandou no intervalo, talvez por conta da pouca empolgação coreana. No tempo final o jogo continuou com Tamanisau salvando a pátria de Fiji mais duas vezes. A partir dos quinze minutos porém, o favoritismo finalmente entrou em campo.

Entre os 16:02 e os 17:46 - um espaço exato de um minuto e 44 segundos - a Coreia marcou três vezes, abrindo a porteira em definitivo. Changhoon Kwon fez o segundo e o terceiro e Ryu marcou o quarto. A partir daí foi um massacre. Aos 27 saiu o quinto em nova cobrança de pênalti, agora de Heungmin Son. Aos 30 ele mesmo quase fez um gol de placa chutando do meio de campo. A pelota caprichosamente tirou tinta da trave.

No minuto seguinte Hyunjun Suk fez o sexto. Após outras chances desperdiçadas, o placar voltou a ser alterado apenas aos 44 minutos com outro gol de Hyunjun Suk. Para fechar o gigantesco triunfo, Seunghyun Ryu fez seu quarto gol e o oitavo da noite.


Tamanislau subindo para fazer o corte


Sexto gol do selecionado asiático marcado por Hyunjun Suk


Um raro ataque de Ilhas Fiji, sem sucesso, no tempo final


Visão geral da Fonte Nova quase vazia no final do surreal confronto olímpico

O placar final de Ilhas Fiji 0-8 Coreia do Sul foi pouco tamanha a diferença técnica entre as duas seleções. Se os asiáticos tivessem tido mais capricho nas finalizações e mais vontade no tempo inicial, a vitória poderia ter sido ainda mais absurda. De qualquer forma, essa marcou o maior triunfo sul-coreano na história da Olimpíada, superando os 5-3 contra o México em 1948 e os 2-0 contra o Japão em 2012.

Cinco horas e doze gols depois da minha chegada no estádio, voltei ao hotel com tempo apenas de tomar um banho rápido e fazer uma janta improvisada antes de partir para o aeroporto. Na sexta-feira saí oficialmente de férias e a Olimpíada teve sua cerimônia de abertura. A minha programação no evento foi cansativa, porém absolutamente sensacional.

Até lá!

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